quinta-feira, janeiro 04, 2024

 

blocoderascunho Weblog

Este blog será um lugar de estudo e troca de ideias sobre os textos e assuntos postados.

O Eco do Oco

Trem Maria Fumaça

Ando meio sem rima nos últimos tempos, não sei se perdi a poesia ou ela se perdeu de mim. Talvez as coisas tivessem andado em agonia, quiçá, não sei. Sei lá… da perda… da orfandade…

Mas agora que só resta a nostalgia, não poderia assim deixar a pena cair da mão, por “pena” de mim ou por… sei lá por que… não sei.

Ando remexendo no tacho das memórias frias, quem sabe seja isto o que me está trançando as fantasias, as lembranças, meu ser criança de outros tempos, outras auroras, outros carnavais que não sambei…

As palavras se perdem em oco, não em vazio ou em nada, mas num oco cheio de eco, cheio de sons e cheiros: de Maria Fumaça na praia, de pipoca, de doce da Sol de Ouro, domingo de tarde, de matine de cinema no Sete ou no Carlos Gomes, daquela ovelhinha de Páscoa…, cândi da Tamandaré… o amendoim da maquininha de Trem na frente do cinema… do grito na calçada… “tem pão quente”, ”mamãe dá licença?… quantos passos”…

Quantas voltas deu o mundo, em que volta a gente se perde da infância que se vai e não a vemos partir?

A despedimos um dia (a infância) e nos pusemos a buscar novos caminhos, nosso horizonte, e nos fomos distanciando da simplicidade do ser criança e acabamos, como todos, nos perdendo no adulto que somos hoje. Aí por vezes, paramos e olhamos para trás e perguntamos: “Mamãe quantos passos?” e ninguém mais responde… agora nós é que temos que responder… ”um miudinho” (para que o guri ou a guria não corram tanto)…

E aí saio eu a buscar as rimas…

sábado, junho 20, 2020

Fuzuê na sala de estar



Titãs: “Papai, mamãe, titia... Vovô, vovó, sobrinha
Família, família”

 

Naquela casa de um tranquilo subúrbio o domingo havia transcorrido na mesmice de sempre. O pai atirado no sofá sem tomar banho desde sexta-feira, afinal não tinha que ir trabalhar. A mãe na rotina de sempre: arrumação da casa, pelo menos o básico, já que a sogra poderia aparecer. A filha havia saído no sábado para uma festa com as amigas. Na televisão os programas característicos do dia e mais os relatórios sobre TODOS os jogos de futebol acontecidos.

Quase na hora de ir para cama a menina entra toda feliz com a mochila no ombro.

- Oi Iseut, como foi seu dia filhota? Namorado novo? Este sorriso promete!

- Não mãe, nenhum namorado, aliás, faz tempo que tenho uma namorada e vocês a conhecem, é a Lucinha.

A mãe que havia levantado pra fazer um café cai sentada na primeira cadeira que encontra.

O pai dá um salto do sofá, derruba todas as coisas que havia acumulado durante o dia ao seu redor e dá um grito daqueles de fazer inveja à torcida do time campeão do momento:

- NAMORADA? Tá louca menina? Tá pensado que me matei trabalhando para te educar e tens uma namorada?

- Ah, faltou dizer algo, amanhã vou morar com ela, nós vamos nos casar.

A mãe desmaia, o pai passa mal e cai outra vez no sofá com os olhos arregalados e a mão no peito, ofegante.

Ainda que muitos gritem, desmaiem ou tenham um tangolomango no meio da sala, os novos modelos vêm se impondo.

As mudanças na constituição de 1988 deram um sinal verde quando “promoveram mudanças nos direitos da personalidade e da família... o reconhecimento de novas entidades familiares, a igualdade dos cônjuges e dos filhos e a facilitação do divórcio”.

O modelo anterior formado por pai, mãe e filhos, vem sendo substituído e hoje nos deparamos com uma pluralidade de famílias, termo que a muitos lhes custa aceitar como tal, pois o modelo patriarcal que marcou o ritmo e os rumos deixou de ser único e a aceitação de distintas formas de grupos familiares começou a mudar a mentalidade da sociedade e a convivência vem sendo mais harmoniosa, ainda que difícil.

Enfim esta questão da composição das famílias modernas é apenas a ponta do iceberg, por trás dela está um sem fim de valores e preconceitos que, todavia, interferem nestas mudanças que a sociedade vem construindo ao longo dos tempos.

Ainda restam muitos caminhos por andar e muitos tsunamis por acontecer em alguma sala de estar.

 Isiara Caruso

quinta-feira, agosto 10, 2017

Sobre alfabetização

Que me perdoem os que acham que alfabetização pode ser feita por um “facilitador”, como chamam às pessoas treinadas para ensinar a ler alunos de todas as idades e situações sociais, mas eu vejo esta etapa da escolarização como a base da formação de todos.

Ninguém consegue chegar a cursar orgulhosamente seu mestrado ou seu doutorado sem antes haver passado por excelentes alfabetizadores. Coloco aqui a palavra no plural, pois esta etapa estende-se ao longo dos primeiros quatro anos de uma forma sistematizada e ao longo da vida estudantil de uma forma permanente, integrada ao todo como uma competência que serve de base, de estrutura fundamental da compreensão, da comunicação e da expressão. Professores de todas as áreas são alfabetizadores.

Numa conversa uma amiga, professora das séries iniciais, comentava muito preocupada que havia lido sobre a medida que estaria tomando o governo devido à escassez de alfabetizadores. Disse-me que estariam pensando  em treinar pessoas para alfabetizar, já que professores formados não aceitam assumir estas classes. Como pode ser esta medida, se há pouco tempo uma lei determinava que todo professor deveria cursar universidade para assumir uma classe de ensino inicial? 
Busca o governo através de voluntários suprir o trabalho de profissionais que não contrataram na época adequada. Agora para maquiar uma falha deixada, e que não é pequena, selecionam para trabalhar sem salário (neste exemplo do Estado do Paraná edital nº 15/2013 - DG/SEED): “2.6 O candidato deverá preencher os seguintes requisitos: ser brasileiro (a) ou naturalizado que tenha domínio da língua portuguesa; ter cumprido as obrigações militares previstas na lei; ter idade mínima de 18 (dezoito) anos na data da inscrição; ser, preferencialmente, professor (a) das redes públicas de ensino, desde que disponham de horário para desenvolver atividades voluntárias de alfabetização de jovens, adultos e idosos;” Estes voluntários receberão bolsas de 500 a 750 reais.

Pergunto: E o professor que cursou ensino médio e universidade, para especializar-se conforme a lei, qual o valor do salário que é pago a este profissional qualificado que deverá construir as fundações do aprendizado de todos os profissionais que temos? Que salário recebe um político que sequer terminou o secundário? Que salário recebe um engenheiro que constrói pontes? Na base da formação de todos eles, quem está? Se paga ao professor o piso estabelecido por lei e auxílio para que se mobilize ao ir trabalhar em locais de difícil acesso? Aliás, que profissional especializado recebe as mordomias de um político: moradia, transporte, viagem de férias, melhores hospitais, etc.?
Quem de todos estes profissionais tem a maior responsabilidade, senão o professor? Quem poderia ler e compreender se não houvesse passado por suas mãos? Quem pode resolver um problema matemático, uma situação de vida sem estar devidamente alfabetizado?
Está mais do que na hora de se atribuir o justo valor àqueles a quem você, político, veta o pagamento do piso salarial decretado por lei. Professor merece consideração e respeito atribuindo-se a eles reconhecimento e salário digno ou correremos o risco de no futuro transformar nosso Brasil num país de analfabetos funcionais sem condições de decidirem sequer os rumos de suas próprias vidas. Ou será que já somos? Ou será que convém?

IsiCaruso


segunda-feira, julho 31, 2017

Culpa X responsabilidade


Quando nos sentimos culpados por algum ato nosso, costumamos fazer desta culpa nosso algoz. Na maioria das vezes vários dedos em riste apontam-nos e envergonhados começamos a caminhar em círculos sem encontrar saída.
Comece a ver esta culpa como sua responsabilidade e busque uma forma de corrigir o resultado equivocado que tanto o faz sofrer, encare-a como uma necessidade de colocar em harmonia o que um dia você desarmonizou por acaso, por desconhecimento ou por não pensar nas consequências.
Perdoe-se, perdoar-se não é apenas desculpar-se do mal feito é reparar o que foi desarmonizado. E não erre mais, seja consciente de suas ações.



quarta-feira, fevereiro 22, 2017

Viva melhor

Desperte a cada manhã com alegria.
Respire, a respiração liberta o corpo,
seja consciente dela.
Tenha pensamentos otimistas,
pensamento é força de atração.
Perdoe-se.
Perdoe os que erraram com você.
Ame-se.
Ame sem exigir, sem magoar.
O ciúme não é amor,
ele nasce do egoísmo,
surge e da insegurança.
Não relembre erros alheios,
ferimos aos que querem saná-los.
Corrija os seus erros passados.
Viva e deixe viver.
Seja respeitoso com você mesmo.

                                              Cresça.