sábado, agosto 15, 2015

Memórias sensoriais

Na cozinha cantarolava
enredada em pensamentos.
Ao lado o fogão a lenha. Sonhava.
Sentiu a chuva que começava a cair.
O cheirinho de terra molhada
já a havia anunciado.
Agora seu tamborilar cadenciado
enche-lhe os ouvidos.
As gotas jorram como lágrimas nos vidros.
A saudade dos tempos de menina
adoçam sua boca
no sabor de uma lágrima,
que acompanha a chuva.

terça-feira, março 24, 2015

O final

Nasce-se morrendo,
devagar, assim sem medo
a vida vai deixando-nos
em partes,
que se desprendem dos dias,
dias que se desfazem em horas,
boas ou nem tanto.
Os vejo saindo de mim,
assim aos pedaços,
a cada minuto a cada passo
como chama da vela que treme.
Deixo atrás de mim a vida em rastros,
 sem penar, assim como se teme.
E o final, penso,
será como um suspiro
brotando do último abraço.

IsiCaruso