segunda-feira, maio 29, 2006

O rio

O rio se juntou ao mar
E fez um desenho bonito,
Delineou o horizonte,
Demarcando o infinito.

O rio demarcou o mar,
Delineou-o bonito!
Fez o traço do horizonte
e se juntou ao infinito.

O rio delineou o mar,
em um desenho bonito,
juntou o traço do horizonte
e fez surgir o infinito.


Isiara. 2005

Trencemos un piolín

Trencemos un piolín
para darles alas a nuestros barriletes,
para que con ellos podamos volar
en nuevos o antiguos cielos,
con nubes o quizá sin velos,
con sol o en la niebla,
aunque después de la lluvia
mas allá del arco iris.
Isiara

terça-feira, maio 09, 2006

A voz do silêncio

A sinfonia do silêncio
amanheceu na retina da noite,
violou meus sentidos,
adormecidos...
cansados dos ruídos da vida,
do seu açoite.
De quimeras...
cansada.

A voz do silêncio
acalentou meu coração,
acomodou meus ais,
num doce abraço,
de silêncios ocos
de palavras mudas,
de marcas transpassadas.

Isiara Caruso
15/11/02

sábado, maio 06, 2006

Alegria

Alegria tem que ver com leveza,
com soltura de gesto,
com desprendimento.

Alegria tem que ver com beleza,
com liberação de afeto,
com sentimento.

Alegria tem que ver com alegria,
com pensar, viver, sonhar,
com pensamento.

Alegria tem que ver com fantasia,
com ser feliz, com desangustiar,
com sofrimento.

Isiara
27/07/2005

sexta-feira, maio 05, 2006

Jugando con las palabras

¿amor?
¿des-amor?
¿des-amarse?
¿desarmarse?
¿aceptar?
¿aceptarse?
Re significar,
Resignificarse.
Amarse más.
Amarme más...Prevenido...
“Pre-venido”
“pre-venir”.


¿estar antes?
¿llegar antes?

Preocupado...
“pre-ocupado”
“pre-ocuparse”


¿ocuparse antes?
¿vivir antes?
¿sufrir antes de vivir?


Re-significar la vida.
¿el olvido?
¿por qué?
¿Yo?
¿el otro?
¿nosotros?


¿culpa?
¿culpable?
¿des-culpable?


¿celos?
¿cuerpo?
¿dolor?
¿inseguridad?
Isiara Mieres Caruso

Nem tão vazio...

O nada está cheio de tudo que pensamos e sonhamos. Quando alguém que voa em pensamentos é interpelado por outra pessoa, e esta lhe pergunta sobre o que está pensando, a primeira resposta é – nada. Isto não quer dizer que a pessoa pensava em vazio, mas que sua mente percorria muitos caminhos e lembranças, então o nada vem carregado de todas as memórias que deixavam repleto seu pensamento.

O nada está repleto de tudo e de todos. De tudo que já vivemos, de tudo que sonhamos viver e do agora, de todos que já dividiram conosco a caminhada ou que simplesmente em um dado momento, bom ou ruim, cruzou nossos passos.

O nada é uma imensidão de tudo, de todos, de algo ou de alguém, não é esquecimento, ele está carregado de muitas memórias cheias de caminhos, rostos, momentos, sombras, de medos e desejos vividos ou não.

Somos um profundo e ininteligível poço de águas aparentemente calmas e turvas que jaz adormecido até que alguém, ou nós mesmos, cisma de atirar uma pedrinha para ver o que ocorre, ou se ainda há água para matar a sede. Aí se formam aqueles anéis circuncêntricos que neste caso vão narrando nossa história e despertando cada um dos duendes adormecidos, arrinconados em cantos de nossa memória e, que ali estavam catalépticos a espera do beijo mágico do príncipe ou da princesa (depende do gênero) para despertar e causar, na maioria das vezes, um desastre em nossa vida, que transcorria tão mansa como um dia sem nuvens. Um poço que parecia vazio e estava repleto de tudo e de todos, que de aí vão saindo num espiral furioso como um redemoinho destes que costumam trazer em seu bojo o moleque risonho das fábulas brasileiras, o saci! Num revoar de folhas secas que se havia amontoado para queimar depois no fogo das saudades dormidas.

Assim é o nada, é o vazio. Somos nós disfarçados de natureza morta retratados na tela do tempo.

Isiara Mieres Caruso
Dez 2004

Escrito no muro

A escrita no muro retrata,
triste,
o nome de Roberta,
no coração transpassado pela seta
imersa na ausência do outro nome apagado,
pelo abandono de Eduardo.

07/06/2005

Ampolleta

Los días pueden seguir naciendo,
las noches los siguen en muerte.
La muerte de las horas llenas,
siguen el compás del tiempo,
cortado en rebanadas,
por el reloj atento
a los segundos,
a los minutos
a las horas
a los días
y
así siguen
los hombres,
atentos al reloj,
que le separa en dos,
en tres, o en muchos más,
para nacer en cada aurora,
para morirse en fin a cada instante,
grano por grano con la arena que cae
lentamente llenando el tiempo que se agrieta.


Isiara Mieres Caruso
26/11/2004