O Eco do oco
Ando meio sem rima nos últimos tempos, não sei se perdi a poesia ou ela se perdeu de mim. Talvez as coisas andaram caminhando em agonia, quiçá, não sei. Sei lá...da perda...da orfandade...
Mas agora que só resta a nostalgia, não poderia assim deixar a pena cair da mão, por “pena”de mim ou por ...sei lá porque...não sei..
Ando remexendo no tacho das memórias frias, quem sabe seja isto o que me está trançando as fantasias, as lembranças, meu ser criança de outros tempos, outras auroras, outros carnavais que não sambei...
As palavras se perdem em oco, não em vazio ou em nada, mas num oco cheio de eco, cheio de sons e cheiros: de Maria Fumaça na praia...pipoca, do doce da Sol de Ouro, domingo de tarde, de matiné de cinema no Sete ou no Carlos Gomes, daquela ovelhinha de Páscoa..., candy da Tamandaré...o amendoim da maquininha de Trem na frente do cinema...do grito na calçada...”tem pão quente”..”mamãe dá licença?...quantos passos”...
Quantas voltas deu o mundo, em que volta a gente se perde da infância que se vai e não a vemos partir?
A despedimos um dia (a infância) e nos pusemos a buscar novos caminhos, nosso horizonte e nos fomos distanciando da simplicidade do ser criança e acabamos, como todos nos perdendo no adulto que somos hoje. Aí por vezes paramos olhamos para trás e perguntamos: “Mamãe quantos passos?” e ninguém mais responde...agora nós é que temos que responder..."um miudinho” (para que o gurí ou a guría não corram tanto)...
E aí saio eu a buscar as rimas...
Isiara Mieres Caruso
07/02/2007
Isiara Mieres Caruso
07/02/2007
Ando meio sem rima nos últimos tempos, não sei se perdi a poesia ou ela se perdeu de mim. Talvez as coisas andaram caminhando em agonia, quiçá, não sei. Sei lá...da perda...da orfandade...
Mas agora que só resta a nostalgia, não poderia assim deixar a pena cair da mão, por “pena”de mim ou por ...sei lá porque...não sei..
Ando remexendo no tacho das memórias frias, quem sabe seja isto o que me está trançando as fantasias, as lembranças, meu ser criança de outros tempos, outras auroras, outros carnavais que não sambei...
As palavras se perdem em oco, não em vazio ou em nada, mas num oco cheio de eco, cheio de sons e cheiros: de Maria Fumaça na praia...pipoca, do doce da Sol de Ouro, domingo de tarde, de matiné de cinema no Sete ou no Carlos Gomes, daquela ovelhinha de Páscoa..., candy da Tamandaré...o amendoim da maquininha de Trem na frente do cinema...do grito na calçada...”tem pão quente”..”mamãe dá licença?...quantos passos”...
Quantas voltas deu o mundo, em que volta a gente se perde da infância que se vai e não a vemos partir?
A despedimos um dia (a infância) e nos pusemos a buscar novos caminhos, nosso horizonte e nos fomos distanciando da simplicidade do ser criança e acabamos, como todos nos perdendo no adulto que somos hoje. Aí por vezes paramos olhamos para trás e perguntamos: “Mamãe quantos passos?” e ninguém mais responde...agora nós é que temos que responder..."um miudinho” (para que o gurí ou a guría não corram tanto)...
E aí saio eu a buscar as rimas...
Isiara Mieres Caruso
07/02/2007
Isiara Mieres Caruso
07/02/2007
Um comentário:
Oi Isi. Que bela poetisa saiste!
Enquanto lia este belo poema, me perdia no oco onde se escondiam as palavras, minhas...tuas...não sei. Elas são assim, brincalhonas, trapaceiras. Por vezes cutucam nossos brios, por outras fazem cócegas em nossas lembranças, nos fazendo rir a toa. Quase se batem enquanto correm daqui pra lá, querendo encontrar lugar para pousar, seja num verso, seja numa rima ou no reflexo que causam ao tocar a alma humana.
Clarice Antunes (EAD na veia!)
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